Ortopedia Funcional dos Maxilares
É muito comum pacientes questionarem com qual idade devemos iniciar um tratamento com aparelhos. Crianças a partir de três anos se necessário, já podem receber tratamento. As maloclusões em crianças salvo em pouquíssimos casos, devem ser tratadas o quanto antes for possível. Esperar o paciente crescer, trocar os dentes, é esperar o problema se agravar enquanto se pode fazer muito por ele.
Tratá-lo durante a primeira infância significa interferir no crescimento patológico, trazendo- o para os padrões normais, evitando que o problema se agrave e torne-se no futuro muito pior de resolver ou até insolúvel, necessitando lançar mão de procedimentos mais traumáticos como as cirurgias de maxila ou mandíbula. O problema de maloclusão na boca do adulto de hoje, em 85% dos casos já existia quando criança e durante esse tempo só fez se agravar e consolidar.
Maloclusão em crianças pode comprometer o desenvolvimento e crescimento geral do organismo. Precisamos estar atentos as alterações das crianças para que possamos prestar atendimento imediato evitando que as patologias se agravem. O tratamento precoce resolve 95% das maloclusões, estimula o crescimento ósseo fazendo modelagem do osso basal, alveolar e das suturas aumentando a possibilidade de tratar. Tudo isso se torna possível com a ortopedia funcional.
O que é ortopedia funcional dos maxilares?
É a especialidade da odontologia que diagnostica, previne, controla e trata os problemas de crescimento e desenvolvimento que afetam os dentes, ossos e músculos.
Por que os dentes saem tortos?
O apinhamento dentário (dentes tortos) ocorre por falta de crescimento dos maxilares. Se a base óssea não cresce o suficiente para comportar todos os dentes esses ficam sem espaço e nascem fora do lugar. Se tratarmos essa criança logo no início, estimularemos o crescimento muscular e ósseo trazendo-os para dentro do padrão de normalidade. O alinhamento dentário ocorrerá mais rápido, mas fácil e sem necessidade de extrações dentárias futuras.
Algumas crianças são “dentucinhas”. Por quê?
É uma patologia comum que chamamos de classe II. A maxila (parte superior da arcada) é mais projetada para frente que a mandíbula (arco inferior). Dependendo do tipo facial, o tratamento quando em adulto pode ser demorado, com necessidade de extrações dentárias e ou cirurgias. Nas crianças como estão crescendo e ainda não foram definidas as características faciais, podemos atuar de forma muito eficaz redirecionando o crescimento condilar para que haja um crescimento mandibular compensatório e um crescimento maxilar controlado. Isto melhora muito o padrão estético das crianças e principalmente a respiração.
O que é respirador bucal?
A via normal para respirar é a nasal, alguns pacientes não a utilizam e começam a respirar pela boca tornando-se então respiradores bucais. A respiração bucal já é descrita como uma síndrome, porque apresenta características que se repetem como: sono agitado, ronco, olheiras, cansaço, mordida aberta, fala e deglutição alteradas, dificuldade de concentração, lábios ressecados, alterações posturais, crânio faciais e comportamentais. Crianças assim não se desenvolvem bem, porque não vivem bem. O tratamento traz qualidade de vida para elas.
E quando a mandíbula é para frente?
Classificamos como classe III. São pacientes que apresentam em seu perfil o queixo mais acentuado. É uma das patologias mais complexas de se tratar e que quase sempre terminam em cirurgias ortognáticas. Nestes casos a ortopedia funcional é um excelente recurso terapêutico para possibilitar a cura de forma precoce, sem dor e sem cirurgia.
O que são mordidas cruzadas?
É uma maloclusão bastante comum, onde o arco superior passa por dentro do inferior. Pode ser unilateral ou bilateral e traz prejuízos graves aos pacientes portadores como desenvolvimento assimétrico da face (um lado desenvolve mais que o outro), dores de cabeça e alterações na ATM(articulações têmporo mandibulares responsáveis pela abertura e fechamento da boca).
Aparelhos machucam as crianças?
Não. Os aparelhos ortopédicos realizam forças leves, que atuam mais por estímulos neurais. A simples presença já atua sobre os tecidos sem necessitar de muita pressão, o que aumenta o conforto. Além do mais se a criança tem um órgão alterado seja na posição ou na forma, o aparelho recondiciona este órgão devolvendo saúde e trazendo bem estar. Este é o maior estímulo que a criança pode ter para usar o aparelho: o bem que ele a promove.
Se tratado quando criança, depois o problema pode voltar?
Muito pelo contrário, no tratamento na infância realizamos mudanças estruturais. Colocamos os maxilares para crescerem na direção certa. Uma vez desenvolvido certo e estabilizado a chance de recidiva (o problema voltar) é menor. Atuando com mediadores de crescimento, o tratamento das maloclusões, assim como, em todas as patologias deve-se firmar em um diagnóstico preciso, em conhecimento histológico e funcional das estruturas envolvidas, e iniciar logo para que os danos causados sejam menores e se aumentem as chances de cura. Nossas crianças devem receber atenção e cuidado profissional especializado bem cedo.